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Andreï Makine revisita os seres esquecidos, esmagados pela marcha louca da História. Da África à Sibéria, O Amor Humano traça a vida de um revolucionário angolano que põe no pensamento da mulher amada a força de sobreviver ao horror da morte e do desencantamento. Um relato absolutamente invulgar sobre a complexidade humana.
"Só o amor pode salvar o homem", parece sussurrar-nos convitamente o último romance de Andreï Makine. De uma banalidade aparente, é uma frase escrita com a maior honestidade. Raramente a estética esteve à altura de uma ideia: permanecer, independentemente das circunstâncias, um ser humano impelido pela profunda convicção do amor.
O romance perpassa a realidade carnal das vidas humanas no que esta tem de mais belo e simultaneamente de mais sombrio. Aqui, corpos que se amam, acolá, um corpo violado, quebrado, esvaído em sangue. O mundo é feito destas diferenças.
Sem nunca acreditar verdadeiramente que o homem é apenas um corpo mobilizado por sonhos demasiados grandes para ele, Andreï Makine, o humanista, percorre mais de quarenta anos de História. De Luanda à Sibéria, passando pelo Congo, por Cuba, Elias Almeida, o personagem principal, segue o curso da História - o marxismo, Che, Moscovo, os campos de treino e de detenção, a independência de Angola, o massacre de Mogadíscio... - aquela História, sem ilusões, que condena todas as utopias.
A África e a URSS confrontam-se. O gelo e a terra. O calor e o frio. Dois mundos aparentemente opostos. Dois mundos unidos nas suas contradições. Dois mundos impulsionados por sonhos de libertação dos homens. De um lirismo sóbrio, Makine deixa-nos em O Amor Humano algumas das suas mais belas páginas, retomando, numa variação repleta de matizes, o tema do humanismo.