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Talvez se possa dizer, sem grandes hesitações perante outros momentos muito altos da poesia de Vasco Graça Moura, que, com Variações Metálicas, estamos perante uma das suas obras maiores. Abra-se o livro logo no início, nas oitavas da oficina, e não mais deixaremos de nos deslumbrar com poesia em que, guiado por Camões e Cesário Verde, Vasco Graça Moura visita a oficina do escultor José Aurélio.
“Alguns dos poemas”, diz o autor no prefácio, “explicam- -se exactamente por procurarem transmitir essa impressão, ligada ao ofício, à artesanalidade, ao habitat da criação, ao combate com as formas e ao engendramento delas. Outros, surgiram directamente da contemplação das peças, procurando eu que o texto funcionasse como uma modalidade da sua representação verbal, isto é, ecfrástica. Todos [os poemas] procuram reencontrar-se com um jogo criativo e, por sua vez, se propõem como exercício literário, ao mesmo tempo autónomo e complementar, sobre uma série de experiências visuais e de processo de literalidade e alusão: sequência de variações estruturada pelo recurso a formas regulares (com excepção do último poema) que pretenderiam constituir uma disciplina contrastante com o seu próprio objecto e vão sendo diferentes de texto para texto; sonoridades, imagens e metáforas predominantemente elaboradas sobre referentes metálicos; controlo lírico das intervenções da memória e da história e das citações (e recitações…) abrindo caminho para outros planos; amostragem muito diversificada relativamente às áreas criativas do escultor.”