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O Arco de Sant’Ana, em dois volumes de 1845 e 1850, adotando o tom digressivo das Viagens, tem, porém, uma intriga mais coesa, centrada no século XIV. Sem excessiva preocupação documental, em oposição à prática do romance histórico de Herculano, embora legitimando a sua história a partir dum documento encontrado, o romance prescinde das longas descrições, poupando na "cor local", e do retrato das personagens, apresentadas em ação. Pretende antes "rir castigando" os tempos atuais a partir de um episódio centrado no Porto medieval em torno do abuso de poder do lascivo bispo da cidade sobre Aninhas, uma jovem indefesa, originando uma revolta popular liderada pelo jovem Vasco e apoiada pelo rei D. Pedro, que acaba por punir exemplarmente o bispo.
Não falta uma trama passional romântica, cheia de agitados lances numa ação rápida que se processa em dois escassos dias apesar de envolver cenários diversos, tudo caldeado por constate suspense, que o narrador manipula habilmente, em torno da história familiar e da identidade dos protagonistas - o bispo revelar-se-á no final pai de Vasco.