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O Fim Histórico de Portugal (Amorim de Carvalho, Prometeu, Porto, 1977) é um ensaio polémico e rigoroso onde o autor sustenta que a Revolução de 25 de Abril de 1974 desencadeou uma rutura irreversível na continuidade histórica e civilizacional do país. Sem alinhar numa defesa acrítica do salazarismo, Amorim de Carvalho argumenta que a queda do Estado Novo e a descolonização precipitaram um processo de decadência nacional, ao desfazerem o vínculo identitário entre Portugal, o seu império ultramarino e a sua cultura de língua portuguesa.
O livro posiciona-se frontalmente contra leituras marxistas da história de Portugal, oferecendo uma resposta crítica que percorre o sentido das elites, a formação do país e o que o autor chama de “processo da traição”. Num capítulo de forte interesse documental, analisa as causas que teriam levado ao golpe militar de 25 de Abril – do “descontentamento de tipo mercenário” à escassez de oficiais de carreira e ao papel dos milicianos – interpretando o MFA como solução que procurou legitimação política após a erosão da disciplina militar. Esta perspetiva vinca o tom conservador e nostálgico do livro, mas ancorado numa reflexão filosófica sobre nação, civilização e responsabilidade histórica.
A estrutura inclui: Prefácio; “Definição de alguns conceitos fundamentais”; “As elites e Fundação de Portugal”; “O Processo da Traição”; “As teses sobre o Ultramar Português” (integração vs. autonomia); e um conjunto de Textos Anexos (“Os novos Bárbaros e a queda de Portugal”, “Nota sobre o racismo”, “Cultura de etnia e cultura de civilização”, “Incidências da Política Ultramarina sobre a Política em geral”, “Notas”). O volume traz ainda uma nota biográfica na badana, por Pinharada Gomes, sublinhando o percurso do autor – portuense (1904-1976), opositor ao regime, mas “nunca opositor à imagem portuguesa de Portugal” – e a sua consagração académica em França, após dificuldades de reconhecimento em Lisboa.
A dedicatória reforça o eixo temático: à glória e à memória dos “Heróis e Grandes Homens” que fizeram Portugal, os colonos no Brasil e no ultramar africano, e às vítimas da guerra em Angola e Moçambique – mensagem que sintetiza o horizonte ético e patriótico que atravessa o ensaio. Para leitores de história contemporânea, ciências políticas e filosofia, O Fim Histórico de Portugal oferece um testemunho denso, contracorrente e ideologicamente marcado sobre o 25 de Abril, a descolonização e o lugar de Portugal no mundo.
Palavras-chave (SEO): Amorim de Carvalho; O Fim Histórico de Portugal; 1977; Prometeu; 25 de Abril; Estado Novo; descolonização; MFA; império português; identidade nacional; ensaio político; história de Portugal.
- Encadernação: capa mole c/ badanas
- Ano: 1977
- Páginas: 129
- Dimensões: 21 x 15 cm