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É verdade que há enormes diferenças entre as civilizações. Um chinês, que viaja pela Europa, e um francês, que percorre o Extremo-Oriente, vão tentar analisá-las através de uma fascinante correspondência que trocam entre si. Uma Europa já largamente dominada pelo realismo e pelo conformismo burgueses, bem como por um materialismo destinado a crescer à medida que o tempo passa, opõe-se necessariamente a uma civilização chinesa bem mais antiga do que ela, e que continua muito marcada por correntes religiosas ou filosóficas, como o tauismo, o budismo, as obras de Lao-Tsé e várias outras. A China está no início da sua evolução económica, e esta ainda só toca uma pequena parcela da sua imensa população. Ling crê que o homem ocidental se ocupa em demasia de tentar compreender e explicar o mundo, com o fito de o dominar. Esta característica ocidental visa, no fundo, conduzir o mundo até ao homem, enquanto os chineses, ao invés, «propõem o homem ao mundo». E Ling acrescenta: «Conhecer o mundo não é fazer dele um sistema, da mesma forma que conhecer o amor não é analisá-lo».
Alguma acidez nas páginas, tendo em conta a idade.