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Quando Luaty Beirão e outros 16 activistas foram detidos em Luanda por estarem a ler o livro Da Ditadura à Democracia e por questionarem publicamente a liderança de José Eduardo dos Santos, o mundo assistiu e revoltou-se contra a demonstração de força gratuita do regime angolano. Na prisão de Calomboloca, exigindo ser julgado em liberdade e recusando sempre que a opinião seja considerada crime, o rapper e activista iniciou uma greve de fome que durou 36 dias e o deixou em perigo de vida. Enquanto as imagens do seu corpo cada vez mais fraco corriam mundo, Luaty foi escrevendo um diário. Agora, pela primeira vez, tornam-se públicas todas as páginas que conseguiu salvar dos seus cadernos, e é possível acompanhar o duro percurso de uma luta pela liberdade em pleno século xxi - a importância dos escassos banhos de sol, os truques para tomar banho e lavar roupa com apenas dois litros de água, as saudades da mulher e da filha, as frustrantes conversas com os do poder, as dúvidas, as rimas para cantar mais tarde e até os rituais de sobrevivência dos prisioneiros e os desenhos do presídio.