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O autor criou um símbolo notável para a crítica de Arte como deve ser. É uma cópia fiel a partir das críticas de jornais diários. A imprensa diária sobre arte, a chamada imprensa artística diária, anda com um vestidinho de criança. Casta e púdica, pôs um aventalzinho com um folho bordado - não confundir com fedor borrado. Pernas não tem, como quem diz, esgotaram. Mas então como é que ela há-de mandar? Com as mãos. Mas essas, como quem diz, também esgotaram, braços e tudo. Mas então como é que ela há-de agarrar? Com a cabeça. Mas a cabeça não passa de um cabide. Ora aqui é que está pendurada a imprensa artística diária com o seu folho bordado. Mas então como é que ela há-de pensar? Para este fim o autor acrescentou-lhe uma cabeça sobressalente, como aquelas que se encontram ao lado dos bustos reais no Antigo Egipto nas câmaras mortuárias das pirâmides. A cabeça tem a expressão característica dos críticos de arte no seu estranho ladrar, óculos sobre o nariz e um lenço no lugar onde devia estar a inteligência. O nariz é encarnado. Para dar de beber à dor, não há como uma ginginha.
Mas que introdução vem a ser esta? Meu caro senhor, antes de nada trata-se de subornar a crítica para ela dar boas notas ao meu livro. Quem bem lubrifica, melhor anda.
Edição Fenda de 1989
Tradução portuguesa da obra Auguste Bolte, de 1923, por Judite Berkemeier