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Mais do que um mero exercício de estilo, este livro consagra sobremaneira uma experimentada arte de narrar. Associa à reinvencão duma história dos nossos dias a originalidade dum clima narrativo talvez ainda sem muitos precedentes na moderna Literatura Portuguesa. Partindo dum universo fechado, onde os seres e os factos giram em círculo, é o narrador quem assume o papel de cicerone do leitor através das inúmeras cenas e dos fragmentos que povoam este texto. O resultado dessa estratégia narrativa vem a ser, afinal, um processo de resgate da própria escrita: onde houvesse, por hipótese, uma sucessão de episódios avulsos, persiste, em contrapartida, o fio condutor dum discurso literário lucidamente transparente; onde pudesse existir a imobilidade, existe essa força secreta da palavra que cataliza a acção até ao desfecho definitivo. A constante variação do ritmo, o sentido por vezes desconcertante das soluções miudamente procuradas pelo autor, o pulsar quase pendular da sua veia discursiva, são assim o verdadeiro campo magnético do estilo e da acção deste livro.
Detalhes do livro:
Editora, Vega, 1980 (1ª edição); Colecção: O Chão da Palavra; med.: 14,3 x 20 cm; 131 pg.
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