O Preço

O universo teatral de Arthur Miller, ao contrário do de Tennessee Williams, não acusa um fundo de morbidez evidente. Mas ainda assim não pode fugir à acusação de tristeza e pessimismo de que foi acoimado pela Comissão de Actividades Anti-Americanas nascida da mente doentia do senador MacCarthy e perante a qual respondeu o dramaturgo, em consequência da sua concepcão de «As Feiticeiras de Salem». Em «O Preço», na verdade, reencontramos uma vez mais o mundo falhado e pessimista de Miller, onde as pessoas caminham lado a lado sem nunca chegarem a encontrar-se. 

Mas o «happy ending» nunca significou éxito artístico... Logo, com «O Preço», podemos garantir sobretudo uma peça de teatro moderno de profunda análise psicológica, de desenho aturado de caracteres, do explanar de um drama familiar que vem ao de cima por motivo de uma mera transacção de mobiliário. Ou seja, uma obra teatral de carpintaria o mais despojada possível, de grande riqueza interior, que justifica o facto de Arthur Miller ser, na verdade, um dos maiores dramaturgos actuais dos Estados Unidos. E com reflexos mundiais...

Detalhes do livro:

Editora: Civilização, 1970; Tradução: Sérgio de Andrade; Colecção Cena Aberta; med.: 12,5 x 19,1 cm; 149 pg.