Sombras e Claridades

Quando escrevi a primeira versalhada ainda não completara os quinze anos de idade (1949), período de transição para uma adolescência morfa e obliterada passeada pelos corgos silenciosos e sombrios duma aldeia chamada Bustelo. A partir dos vinte anos as gavetas do armário de minha Avó se foram enchendo de infantes e amorosas recordações, impostas na efervescência dum coração preso a condicionalismos duma época de disciplina rigorosa em que, amarguradamente, via conterrâneos seguirem a Caminho de presídios militares. Com o início das guerras coloniais quedei em subjectivos de esquivança de responsabilidades que também me pertenciam, embora o patriotismo não espigasse em incómoda cobardia sendo, como sou, amante fervoroso da pátria — mas guardando sempre no coração a bela aspiração de desejar para todo o ser vivente a santa Liberdade. 

Este pequeno livro, com algumas mutações, surge numa catara em que se procura um pouco de ar para os pulmões e para as narinas. Não ides ler um livro de qualidade e recheado de comedimentos poéticos, nem isso deverá exigir-se a quem possui instrução reduzida e não passeou a vista pelos prateleiros de livraria. O seu autor «acarreou a mentalidade pelos corredores de oficinas e fábricas, acabando em emigrante que. como muitos, abandonou o país em busca do sol que se lhe negara na sua obscura aldeia. 

Em «Sombras e Claridades» é natural o encontro de semelhanças com outros autores, coincidências que devem ser desculpadas. José P. Costa

Detalhes do livro:

Editoras: Edição de Autor, 1979; med.: 14,9 x 20,7 cm; 263 pg.