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Não se espere encontrar, em "Diário de um Dromedário", um livro convencional. Avesso a todo qualquer tipo de "establishment", Paulo Abrunhosa transportou para os seus escri¬tos as convicções que sempre o acompanharam. A saber: um desapego face à ordem mate¬rial das coisas, uma ironia e mordacidade acentuadas e ain¬da uma auto-crítica invulgar, que o levava a definir-se, com laivos de humor, como um "dromedário". De registo eminentemente pop, o livro funciona como um manual do autor para sobrevi¬ver numa sociedade em rela¬ção à qual sempre manteve um cauteloso distanciamento. A estratégia obsessiva de se manter fiel às rimas levou-o a coligir milhares de palavras distintas: não há mais do que 70 repetições ao longo das 250 páginas. As ilustrações de PAM (Paulo Anciães Monteiro), "compagnon de route" de Pau¬lo Abrunhosa, acentuam o tom lúdico e criativo de "Diário de um dromedário".
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