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Esta é uma obra singular e única no panorama da ficção do século XX.
Mais do que um romance, O Homem sem Qualidades é o maior projecto romanesco, deliberada e quase necessariamente inconcluso e inconclusivo, da literatura do século passado. Um rio sem limites nem margens, que não desagua em nenhum mar conhecido, objecto inclassificável, para lá do "literário" e da ficção.
No momento da morte inesperada de Musil em 15 de Abril de 1942, no exílio de Genebra, O Homem sem Qualidades é verdadeiramente o "livro por vir", aquele cuja essência - no seu protagonista acentrado, no processo da sua génese, no cerne do seu pensamento - é a de um laboratório de possibilidades que o transformarão na obra aberta por excelência e na "tarefa criadora [mais] desmedida" da história da literatura moderna. O Homem sem Qualidades será, durante mais de duas décadas, a obra em processo de criação e transformação que se autonomiza e se impõe de forma obsessiva e implacável ao próprio criador, aprendiz de feiticeiro que a controla cada vez menos à medida que ela se vai transformando numa rede rizomática de possibilidades de crescimento e de perspectivas de finalização sempre adiada, que parece querer reflectir o próprio feixe aleatório de possibilidades que é aquilo a que chamamos "realidade". Se a ironia é neste livro, como diz Blanchot, "um dom poético e um princípio de método" que modula, não apenas a palavra mas também a própria composição romanesca, na oposição contrapontística permanente e irresolvida entre "a exactidão e a alma", a reflexão e os sentimentos, o indivíduo em busca de si e o mundo dos factos (nas vésperas da Primeira Grande Guerra), essa mesma ironia haveria de determinar todo o acidentado e contraditório processo de génese e de publicação deste objecto literário esquivo que, ao contrario do que frequentemente se tem dito, será mais um não-romance do que um anti-romance.
CRÍTICAS DE IMPRENSA
«Um romance radicalmente experimental escrito numa linguagem clássica, traduzido pela primeira vez em português numa versão não amputada.»
Luís Miguel Queirós, Público
«Esta gigantesca obra inconcluída de Musil pode ser vista como o primeiro grande romance do nosso século XXI.»
Enrique Vila-Matas, Público
« "O Homem Sem Qualidades" instala-nos nessa outra forma de percorrer o tempo que, eventualmente, nos pode fazer esquecer a morte.»
Gonçalo M. Tavares, Público
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