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Há cerca de dois anos, por alturas do centenário da morte de Hemingway, o seu filho Patrick decidiu publicar-lhe um romance inédito, ou melhor, pegou num manuscrito não revisto, com mais de 800 páginas, e fez dele uma versão reduzida. É esse inédito que agora nos chega em tradução portuguesa, e que dá pelo título de "Verdade ao Amanhecer".
É sabido que Hemingway trabalhava com grande rigor os seus originais e os reeescrevia por diversas vezes. Daí que a qualidade estilística deste romance não será certamente a sua melhor. Mas os temas essenciais que perpassam pela sua obra, sobretudo a dos últimos tempos, estão lá. Uma caçada ao leão na última das suas viagens à África Oriental, com a sua quarta mulher, Mary Welsh, em 1953, traz à tona um motivo que lhe é caro: o papel da violência na sobrevivência do homem, aqui no ambiente natural da caça, rito ancestral, de sangue e sobrevivência, que manifesta ao mesmo tempo um profundo respeito pela vítima, que coloca o homem e as suas fragilidades, mas também as suas forças, frente à morte. E ainda a camaradagem, a paixão pelo carácter forte, a admiração pela dignidade animal.
CRÍTICAS
"As razões da popularidade da obra de Hemingway - que continua a ser fervorosamente lida, mesmo pelas gerações mais novas - prendem-se com o seu inconfundível estilo, claro e aparentemente simples, e o seu posicionamento existencial, bem expresso em todos os seus romances, de permanente busca do modo "justo" de viver."
José Manuel Cortês, Público, suplemento "Mil Folhas"
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