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Até há muito pouco tempo, as cartas eram o substituto ideal de milhares de conversas tornadas impossíveis pela distância. Foram precisamente as mulheres quem mais se destacou no género epistolar, veículo da capacidade feminina para expressar sentimentos e analisar o mundo circundante, especialmente com outras mulheres. Porque quem poderá compreender melhor os desejos, as frustrações e os sentimentos mais escondidos de uma mulher, senão outra mulher? Esta apaixonante - e apaixonada - antologia recolhe as melhores missivas de mulheres que se corresponderam com familiares, amadas ou amigas em busca de apoio, consolo ou intercâmbio intelectual. Entre as suas protagonistas surgem algumas tão destacadas como as irmãs Brontë, Sylvia Plath, Anne Frank, Hannah Arendt ou Isabel Allende.
Excerto (retirado da Wook)
Introdução
Escrever cartas é a maneira mais deliciosa de passar o tempo.
George Eliot
De uma maneira ou de outra, tudo o que nasce transforma-se. Nessa dinâmica de mudança contínua, o que se refere ao ser humano adquire uma força especial, talvez porque a brevidade da nossa vida exige mudanças rápidas, brutais, que, curiosamente, perdem o seu sentido quando não são comunicadas às outras pessoas.
Durante séculos, as cartas foram o substituto ideal de centenas, de milhares de conversas tornadas impossíveis pela distância, um diálogo entre pessoas ausentes em que a realidade chegou a transformar-se num mero pretexto para cavaquear.
Foram precisamente as mulheres quem mais se destacou no género epistolar. Não poderia ter sido de outra forma, já que a escrita de cartas satisfaz tão bem a capacidade feminina para expressar sentimentos e analisar a quotidianidade; especialmente com outras mulheres... E quem poderá compreender melhor os desejos, as frustrações e os sentimentos mais ocultos de uma mulher senão outra mulher? Assim o deverão ter compreendido todas as mulheres que alguma vez trocaram cartas com familiares, amadas ou amigas, em busca de apoio, de consolo ou de intercâmbio intelectual.
De todas as cartas possíveis, as escritas entre mães e filhas evidenciam, quão complicada poderá chegar a ser uma relação. No primeiro capítulo é tão palpável o amor incondicional de filhas como Anne Morrow, Bess Corey ou Louisa May Alcott como a rejeição adolescente de Anne Frank em relação à mãe. São tão válidas as inquietantes cartas de Madame de Sévigné em busca do amor da filha como as obsessivas missivas de Sylvia Plath visando alcançar a perfeição para a mãe... Em muitas situações-limite, as destinatárias escolhidas para as cartas foram mães ou filhas. Assim se passa com as últimas linhas da poetisa Anne Sexton, procurando a reconciliação com a filha antes de se suicidar, ou as impressionantes despedidas de mulheres prestes a serem executadas pelos nazis... Da mesma forma que há cartas de despedida, há-as igualmente de reencontro, como a da escrava Elizabeth Ramsey negociando o preço da sua libertação ou as de Calamity Jane conversando com uma filha que jamais veria... Em muitas ocasiões, as cartas garantiram a sobrevivência de uma relação ameaçada pela distância, como no caso de Eva Forest ou de Estefanía de Requesens; noutras, serviram de apoio quando um casamento, como o de George Sand, se malograva.
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Envio em envelope almofadado
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