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Um homem que vive com um relâmpago dentro dele; uma avó com sangue de galinha; uma rapariga que engraxa esculturas de elefantes africanos de madeira e se surpreende quando o sexo deles muda de tamanho; um manicómio que recorre a métodos pouco ortodoxos para recuperar um doente que fugiu; umas botas militares que mudam inesperadamente de pés; um canário numa gaiola pendurada na varanda de um prédio que irrita sobremaneira um vizinho.
Estas são apenas algumas das personagens deste delicioso Mesmo não Indo, o Tempo Vai, um conjunto de histórias admiráveis que decorrem em vários tempos e geografias e que ora nos oferecem magia e surrealismo, ora combinam humor com tragédia ou delicadeza com violência. Verdadeiramente imperdíveis, vêm demonstrar que António Tavares - vencedor do Prémio LeYa com O Coro dos Defuntos - tem igual talento para a ficção mais curta.