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«O Senhor de Courval completara há pouco cinquenta e cinco anos; um homem vigoroso, de excelente saúde, podia confiar em outros vinte de vida. Apenas tendo conhecido desgostos com a primeira mulher. Que o abandonara há muito para se devotar a uma vida de libertinagem, e possuindo boas razões para acreditar, com base nos testemunhos mais seguros, que esta criatura descera à cova, encarava muito a sério a possibilidade de se voltar a casar, desta vez com uma pessoa que, pela bondade do carácter e a excelência da moral, o ajudasse a esquecer os seus primeiros infortúnios.
Tão infeliz com os filhos como com a mulher, o Senhor de Courval, que só tivera dois – uma menina que morrera ainda muito nova, e um rapaz que, com a idade de quinze anos, o abandonara, tal como a mulher, para seguir desgraçadamente os mesmo caminhos de devassidão –, o senhor de Courval, repito, não admitiu que quaisquer laços pudessem uni-lo a este monstro, e planeou deserdá-lo e legar os seus bens às crianças que esperava ter da nova mulher com quem ia casar. Possuía uma renda de quinze mil francos: outrora metido em negócios, a fortuna era o produto do seu trabalho, e sempre vivera bem dentro das sua posses, como todos os homens decentes, rodeado por um grupo de amigos que o estimavam, apreciavam e que o visitavam ou num apartamento elegante que ocupava na Rua Saint-Marc ou, a maioria das vezes, numa encantadora propriedadezinha perto de Nemours, onde o Senhor de Courval passava dois terços do ano.
Este homem digno revelou os seus planos aos amigos, e vendo que eles os aprovavam, pediu-lhes para procederem a indagações imediatas entre as pessoas das sua relações a fim de descobrirem se haveria alguma entre as idades de trinta e trinta e cinco anos, viúva ou donzela, capaz de servir ao seu propósito.»