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A herança dos filhos dos dirigentes nazis é analisada por Norbert e Stephan Lebert no livro "Também Usas o Meu Nome", editado pela Ambar no ano em que se assinala o 60º aniversário do fim do Holocausto.Quando a II Grande Guerra terminou, em 1945, muitos alemães colaboracionistas do regime hitleriano tentaram desculpar-se, mas os seus nomes estavam vinculados ao nacional-socialismo, um pesado legado que deixariam aos filhos. O ponto de partida para este livro foi a descoberta, pelo jornalista Stephan Lebert, de um manuscrito que o seu pai, o também jornalista Norbert Lebert (1929-1993), redigira em 1959 sobre os filhos dos nazis. Com base no documento, Stephan Lebert decidiu voltar a entrevistar essas pessoas, agora adultas, para conhecer o significado de uma herança da qual não podem facilmente libertar-se: os apelidos dos pais, que continuam a fazer parte dos seus nomes. No livro, Stephan Lebert refere as renitências e resistências que detectou ao longo das entrevistas, bem como os silêncios, os ressentimentos, e também os laivos de orgulho que algumas famílias continuam a sentir pelos laços parentais. Famílias destroçadas no pós-guerra, pessoas questionadas e vítimas de desconfiança devido aos seus apelidos, mas também outras a quem um nome de família ligado ao III Reich continuou a abrir portas são algumas das histórias reunidas no volume. Viver sob um nome falso, ler as críticas escritas nos jornais, ouvir o nome dos pais na escola como sendo o de um criminoso foram realidades vividas pelos filhos dos auxiliares de Hitler, que, no geral, salvaguardaram os sentimentos fraternais para com os pais. No entanto, também existem casos de ódio, de profunda revolta perante o nome como "condição imposta", sendo a reacção tanto mais violenta quanto mais os filhos sentem que, paradoxalmente, diferem da ideologia dos pais mas partilham algumas das suas características. Ao dar a voz aos "filhos dos algozes", "Também Usas o Meu NomeÓ" realça que os mesmos homens que mandavam para a câmara de gás centenas de judeus eram diferentes em casa: afectuosos com as suas esposas e cúmplices nas brincadeiras dos filhos. A confirmação de um lado mau sempre latente no ser humano é motivo para o "caçador de nazis" Simon Wiesenthal ter alertado - como se lê no volume - que ninguém deve dizer que "uma ditadura tão terrível já não é possível hoje", sendo necessário "combater permanentemente o mal para que não venha à superfície".