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Esteiros, de Soeiro Pereira Gomes, é considerada uma das primeiras obras romanescas filiadas numa estética neorrealista, numa primeira fase de afirmação deste movimento literário. Denunciando as duras condições de vida das crianças que trabalham nos telhais para sobreviver, Esteiros apresenta-nos um protagonista coletivo, os “filhos dos homens que nunca foram meninos”, como Sagui, Maquineta, Guedelhas, Gaitinhas e Gineto, na sua luta trágica contra a miséria e contra a opressão desumana de uma sociedade submetida à exploração capitalista. O discurso narrativo é estruturado pela passagem das estações, o que remete para a dependência da atividade económica relativamente à Natureza.
Entre os homens, havia crianças em idade de aprender as primeiras letras. Recolhiam o barro dos estreitos canais do rio Tejo, os esteiros, para dele fazerem telhas e tijolos. Trabalhavam a troco de um salário miserável, que os condenava à mendicidade, a uma vida sem saída da pobreza. O autor via tudo da janela da sua casa, em Alhandra, e refletia sobre a injustiça de uma sociedade opressora e exploradora, organizada em favor dos mais fortes. Em vez de calar, prefere denunciar com palavras e outros atos de resistência ao regime de Salazar.
Soeiro Pereira Gomes (1909-1949) conviveu, em Alhandra, com esta mão de obra infantil, a quem, para além de tudo o resto, faltava a esperança. Embora Portugal não tivesse entrado diretamente na guerra, eram dias duros esses que se viviam Portugal, tal como os do pré e pós-guerra.
Com efeito, as crianças e algumas personagens individualizadas descrevem um pequeno percurso de vida, onde a desgraça se multiplica, sem esperança e sem remédio, capítulo após capítulo, culminando com situações de morte, prisão, embriaguez, loucura, fazendo eco de um conflito surdo de classes que se institui de forma hierarquizada.
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(Luis Santos / LuisXXI)