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Neste documento vertem-se as inquietações do papa Francisco já refletidas, sob outra perspetiva, na Encíclica Laudato si’, mas aprofundadas a partir da inspiração de um encontro ocorrido há 800 anos, entre Francisco de Assis e o sultão do Egito, e sob o estímulo do recente encontro em Abu Dhabi, com o Grande Imã Ahmad Al-Tayyeb. O papa Francisco testemunha a partilha, então vivida, a partir da fé comungada de que Deus «criou todos os seres humanos iguais nos direitos, nos deveres e na dignidade, e chamou-os a conviver entre si como irmãos». O Papa lembra que este não é um documento para expor princípios doutrinários, mas apenas lembrar o amor fraterno que tem uma dimensão universal, que não é um sonho, mas uma realidade da nossa humana condição e que não deve ficar-se apenas em palavas. Ao longo de oito capítulos, é feito um exaustivo levantamento das injustiças, humilhações, conflitos e medo, e outros atentados à dignidade dos homens que parecem encaminharem a Humanidade para um confinamento de angustiante desesperança. Simultaneamente, e a par da denúncia, Francisco vai pontuando de salpicos de esperança o muito que todos, a partir dos governantes até à responsabilidade pelo irmão próximo, que cada um tem, como forma de reverter este estado de calamidade a que está a ser conduzida a Terra e transformá-la ainda num espaço de realização plena da Vida, apenas possível com políticas que não atentem, mas contemplem, a Fraternidade.
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(Luis Santos / LuisXXI)