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O nosso livro é uma forma de contestação através do prazer, através de uma linguagem que pretendemos violentar mas recuperando a sua beleza. Mesmo quando a beleza é cruel. O que nós contestamos são as figuras sociais caducas: as malhas apodrecidas da família burguesa, as barcas velhas em que navega o casamento, as relações amorosas que não se contestam a cada momento. O que nós contestamos é o pequeno comércio das consciências; a arte da mesura e do salamaleque; o medo de correr riscos; a incapacidade de arriscar o corpo velho num corpo desenfreado em busca das suas potencialidades; num corpo erótico. Casimiro de Brito. O que temos nesta sociedade é uma forma predominantemente passiva de tratar o desejo, esse motor da vida e da escrita: ou ele é mutilado ou hiperbolizado. Ou se recalca ou se transgride. Penso que, e ultrapassando estas deformações, o que deve estar é o diálogo como reconhecimento tanto do desejo como da circunstância: social, individual, literária. Teresa Salema. Pomos neste livro essencialmente em causa a atribuição rígida de papéis masculinos e femininos, recusando-a. Existem o masculino e o feminino como forças complementares de acção e compreensão na mulher e no homem; existe a luta de palavra e corpo pelo reconhecimento dessas forças em cada um de nós… Teresa Salema. São esses e outros as problemas tratados no nosso livro: a crise individual, a crise do casamento, a crise da sociedade. As nossas personagens põem tudo em questão, e encontram o amor, encontram a sua forma de amar: um amor que se afirma em cada momento mas que em cada momento é posto em causa, desassossego. Casimiro de Brito. (Fragmentos de entrevistas concedidas à RDP – Forma e Conteúdo e a Portugal Hoje)
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(Luis Santos / LuisXXI)