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Quase todas as obras de Balzac têm a sua origem num facto real extraído da vida particular ou da vida pública que o escritor utiliza como inspiração. Por regra, os próprios protagonistas dos factos não se aperceberam da apropriação, não se tendo gerado qualquer celeuma a tal propósito. Mas não foi isso que sucedeu com Um caso tenebroso, publicado pela primeira vez em 1843.
Os factos em que o escritor se inspirou tiveram lugar no início do século XIX e diziam respeito ao rapto de Clemente de Gris, imputado a quatro jovens da nobreza, membros do partido realista e antagonistas de Napoleão.
Neste livro a figura de Clemente de Gris surge como Malin, auto-intitulado Conde de Gondroville. À semelhança de outros partidários da Revolução Francesa, Malin viu o seu fervor revolucionário ser compensado ao tomar posse de terras outrora propriedade da antiga nobreza francesa, afastada das mesmas e expatriada.
A história narrada por Balzac inicia-se em 1803 e de entre a galeria de personagens há duas que se assumem como principais: Michu e Laurence, condessa de Cinq-Cygne.
Michu é um anti-herói. Balzac pinta-o primeiro como a sociedade o conhece. Gradualmente, vamos penetrando nas motivações da personagem, descobrindo uma personagem tocante no seu sentido de honra e lealdade. Também a personagem da condessa chama à atenção. Nos romances da época não é habitual ver uma heroína feminina retratada desta forma. Embora Balzac não tenha resistido a defini-la como “bela”, atribuiu-lhe qualidades que raramente se encontram nos romancistas deste período como sendo de uma mulher. Laurence de Cinq-Cygnes surge como uma mulher da nobreza orgulhosa das suas origens, com convicções políticas sólidas e com coragem para as fazer valer.
Personagens como Michu e Laurence mostram como Balzac foi um romancista extraordinário, capaz de descrever caracteres admiráveis ou desprezíveis, independentemente do sexo, classe social ou profissão das mesmas. Este livro é apenas mais um exemplo disso mesmo. Um outro aspecto interessante deste livro é o triângulo amoroso existente entre Laurence e os seus dois primos que, embora platónico, não deixa de surpreender, por ser retratado de forma aberta.
Um caso tenebroso oferece ainda uma descrição e crítica do sistema judicial francês da época, rica em detalhes, dando-nos conta de aspectos tão diversos como a realização de perícia, as dificuldades do sistema de júri ou a importância (ou não) das alegações finais.
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(Luis Santos / LuisXXI)