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No dia em que fugimos tu não estavas em casa prefaciado por Nuno Markl e José Luís Peixoto, revela um Fernando Alvim mais introspectivo e sentimental, sofredor do coração; o Alvim que não o da televisão (SIC radical) ou da rádio (Antena 3). Não se pode afirmar que o livro seja um romance compacto, com princípio, meio e fim, já que se apresenta como uma espécie de diário; aliás, é mesmo uma narração de pequenas histórias e situações, de encontros e desencontros cheios de erotismo, nos quais o amor e o coração são quase sempre crucificados. Todavia, tudo começa quando o autor chega à casa do seu "amorzinho", como tantas vezes chama à sua amada no decorrer da obra, com a intenção de fugir com ela. Acaba por se deparar com o facto dela se ter ido embora, sozinha, sem ele, sem mais ninguém. Isto, deixa-o de coração quebrado e flácido, ao mesmo tempo que serve de mote e inspiração para os episódios seguintes. Neles é possível encontrar o Alvim romanesco, patético, sofredor. Descreve de forma pecaminosa e imaginativa tudo o que se passou antes do dia em que ela partiu, sem ele, deixando apenas e só uma carta. As histórias partem de casos normalíssimos, já vividos por qualquer um de nós, mas os sentimentos são de tal forma hiperbolizados e os acontecimentos são vividos com uma tal profundidade e intensidade, que o livro quase parece irreal. Podemos defini-lo como uma pitoresca colecção de aventuras onde amor é sinónimo de dor e desesperança. Como salienta José L. Peixoto no seu prefácio, "perante os sentimentos, o mais fácil é fugir deles (...), o mais difícil é ter coragem de vivê-los"; isto mostra como o autor deste livro é um homem de coragem, sem medo de mostrar os seus sentimentos. No dia em que fugimos tu não estavas em casa é sem dúvida um romance à século XX, falando de jovens cheios de amor para dar, mas que devido à vontade de viver tudo ao mesmo tempo, acabam por se magoar, magoando o seu mundo. É um bom livro de amor e possibilita uma leitura descompressa e atractiva. Em poucas palavras: "poderoso, infeliz, pateticamente triste, o amor em cuecas".