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À guerra, Coimbra de Matos contrapõe o amor, não só como paixão ou encontro entre dois seres, mas como uma pulsão genésica e multifacetada, que impregna todas as obras humanas, capaz de estruturar personalidades, relacionar pessoas e fundar civilizações, um pouco como o Eros de Freud na agora portuguesmente falado e usado por toda a gente: uma palavra com quatro letras chamada Amor. O amor é a reconstrução dos oceanos primitivos, pessoa a pessoa, no nascimento de cada novo ser, no pulsar de cada ideia nova e no evoluir de cada civilização. Neste sentido forte, de genuino interesse pelos outros, é um verdadeiro organizador social, revestindo diversas formas, desde o controlo de qualidade à bondade cientificamente informada, aos produtos amigos do ambiente e do consumidor. Opõe-se à inveja, ao ciúme patológico, determina o tabu da guerra, do filicídio, do aborrecimento e da repetição de teorias ocas e vazias, só consideradas verdades porque milhares de vezes repetidas. Para Coimbra de Matos, o amor é praticado pelo aldeão de Galafura com a charrua que lavra a terra, pelo vinhateiro que colhe as uvas do seu vinho do Porto, pelo cientista que luta pela verdade e pelos amantes que recriam, dentro dos seus corpos, os fluidos primitivos donde brotou a vida.