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Numa era em que a religião do trabalho exige dos seus fiéis crescentes sacrifícios laborais, em troca de um lugar na santa comunidade de cidadãos honestos, ler O Direito à Preguiça (1880) é cometer um salutar pecado capital. No século xix, quando já os santos do capitalismo se alinhavam no firmamento da economia, Paul Lafargue aprimorava na prisão, com muita ironia, este ensaio clássico e iconoclasta.
Debruçando-se sobre a devoção ao trabalho que arrebatara os operários da época, o autor punha em causa a universalidade e a historicidade deste absurdo zelo, numa sociedade em que o indivíduo se abstinha do seu tempo livre em nome da sobreprodução e da acumulação obsessiva. Leitura imprescindível nos tempos que correm, O Direito à Preguiça é um eloquente manifesto contra o vício do trabalho, que corrompe as faculdades humanas, e em defesa da liberdade fundamental de empregarmos o tempo a nosso bel-prazer.