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"A vila continua a ser uma rua, como escreveu Namora. Só que agora, essa rua, já não me parece tão grande como quando usava um bibe branco, com folhos no peitilho e barra bordada pela mão de minha mãe.
As casas são as mesmas, com as suas monumentais chaminés. Os beirados ainda bordam o limite entre o branco das paredes e o vermelho acastanhado das telhas. Ao entardecer, a luz da cal continua a revelar tons dourados que inundam o casario quando os poentes descem no horizonte.
(…)
A praça é a nossa sala de visitas e espelha a beleza da nossa terra. Tudo nela é harmonioso, apesar da singeleza. A alvura das paredes, a traça acolhedora das casas, a limpeza da calçada, tudo nos convida a saborear um espaço de tranquilidade e paz. Nesta praça temos o edifício da Junta de Freguesia com o seu brasão que nos recorda tempos remotos em que o morgadio da vila foi doado várias vezes pela Coroa a grandes senhores do Reino.
Além disto, há também o coreto, em volta do qual, em noites de festa do Santíssimo Sacramento, lá pelos fins do Verão, depois das colheitas, no arraial ainda hoje se pode dançar ou assistir ao encanto do fogo-de-artifício, comprar rifas na quermesse ou afogar alguma mágoa num copo de vinho ou cerveja.
(…) [Custódia Casanova]"