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António Maria, o carteiro de Estoi e Maria do Amparo, protagonizaram um romance digno de registo.
Ele era um apaixonado pela sua profissão e ela uma mulher egocêntrica, de temperamento frívolo, mas de uma grande dignidade.
Tal como o carteiro de Pablo Neruda, o carteiro de Estoi tinha também um intelectual como destinatário da correspondência. Em princípio era um homem misterioso mas depois veio-se a saber que era um dos tradutores da Obra, Os Versículos Satânicos. O carteiro foi o seu grande amigo e confidente a quem revelou que fora condenado à morte e por isso refugiara-se na aldeia de Estoi para fugir à perseguição movida pela Fatwa, a organização que tinha por missão executar a sentença decretada por Khomeini.
Atribuindo metade das culpas à mulher, o carteiro de Estoi teve um deslize. Apaixonou-se por outra mulher tendo-lhe seguido os passos. Quando parecia que viviam como um casal de cegonhas no ninho no cimo de uma torre, eis que surge a desgraça.
A sua amada nascera com uma cruz na testa em vez de uma estrela.
Sem rumo nem roque a caminho da miséria em França onde se encontrava emigrado, não fora o monumento do Arco de Triunfo e teria sido muito pior.
Desesperado entregou-se à religião. Aconselhado a ler O Livro Tibetano da Vida e da Morte, abriu-se-lhe o caminho por onde deveria seguir.
Entretanto em Portugal o seu filho crescia e tornava-se o elo mais forte da família.