O Satiricón

«Pela data em que foi escrito, O Satiricon é o pai do romance latino e, se exceptuarmos as epopeias e as grandes fábulas, o pai do romance tout court. E de Henry de Montherlant este juízo acerca do livro que ora apresentamos, no qual se nos descreve a vida aventurosa de dois meninos bem que, rompendo com o meio familiar, vagabundeiam pelo mundo, acompanhados por um criado que, mais do que servi los, acamarada com eles nas suas aventuras, em que se misturam o deboche e a vigarice. Raramente uma obra latina esteve tão próxima da vida, e, embora o livro não tenha naturalmente lugar entre os clássicos da literatura latina, não há dúvida de que sobreleva em interesse e actualidade as grandes obras da tradição clássica. Desta novela extraiu Fellini o argumento para o seu filme do mesmo nome-Satiricon-, cujas imagens têm corrido mundo. O comentário do realizador Fiz um filme sobre a antiquidade que conta uma história dos nossos dias caracteriza bem a atmosfera em que se desenrola a trama do romance, como retrato palpitante desse mundo romano dos tempos de Nero, muito diferente do mundo em que vivemos. que não era afinal Assina a obra um certo Petrónio, que há muito foi identificado como um personagem da corte de Nero que cortou as veias para escapar à perseguição do terrivel Tigelino. Tácito confirma esta hipótese ao atribuir o Petrónio histórico a autoria de um livro em que sob o nome de jovens impudicos e de mulheres perdidas. teria feito o relato dos deboches do principes. Embora o texto vindo até nós não permita chegar a conclusões certas nesse sentido, é muito possível que as lacunas do texto esclarecessem melhor as intenções do autor, e o facto de o livro ter sido proibide na altura do seu aparecimento parere dar consistència a hipótese de Tacito. Seja como for, estamos em presença duma verdadeira satira, como o nome indica, alids uma satira de costumes que, escrita no século I da nossa era, se revela plenamente actual»

Livros de Bolso

Nº páginas

168

Peso

105g