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"Egas Moniz, o pioneiro audaz que enriqueceu a Neurologia com as vantagens semióticas e diagnósticas da arteriografia cerebral, e que iniciou o maravilhoso capítulo do tratamento cirúrgico de certas psicoses - a que alguns deram o pedante nome de psicocirurgia - reuniu em livro algumas reminiscências mais marcantes de sua vida. O cientista, ultimamente proposto - por iniciativa da delegação brasileira ao Congresso de Psicocirurgia reunido em Lisboa em setembro de 1948 - como candidato ao Prêmio Nobel de Medicina, entendeu de divulgar as fases principais da evolução de suas ideias e de seus trabalhos até a culminação naquelas magníficas aquisições.
Não se trata, pois, de um livro banal, relatando fatos corriqueiros e atividades médicas no sentido geral. Embora Egas Moniz, julgando ser necessário amenizar a substância do livro, relate certas passagens individuais aparentemente supérfluas, mas realmente úteis para compreender o valor do autor como espôso, como homem de sociedade, como médico, como chefe, como amigo e principalmente, como devotado admirador daqueles que lhe transmitiram os ensinamentos que tão bem aproveitou, o livro é, essencialmente, um repositório de fatos bem concatenados, com os quais o leitor acompanha e sente todas as dificuldades que se antepuseram à realização da obra do autor. Neste sentido, o livro é, todo ele, uma ode ao esforço pertinaz sem o qual nada é possível em matéria de ciência. Não foi por acaso que Egas Moniz chegou às excelentes demonstrações da artério e da angiografia intracraniana, nem tampouco foi a sorte fortuita que lhe pôs nas mãos os benefícios da leucotomia pré-frontal; seus pontos de partida foram objetivos e deliberadamente conscientes.
Este livro deve ser lido por todos os neurologistas e psiquiatras, tanto os moços como os que já se julgam próximos à aposentadoria; ele demonstra que, mesmo lutando contra tudo e contra todos, trabalhando em meio pouco afeito à pesquisa científica e pouco dotado do ponto de vista material e, mais ainda, iniciando suas atividades científicas ao beirar dos 50 anos de idade, pode Egas Moniz realizar uma obra que ficará gravada perenemente, para honra sua e glorificação de sua querida pátria."
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