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Rui Zink já nos habitou à sua mordacidade, que aqui explode em muitas ousadias. No tratamento paródico de alguns problemas sociais sérios (os ciganos, o tráfico de órgãos, o Casal Ventoso), que acaba a funcionar como crítica irónica. Mas principalmente nos usos da linguagem, que vai da invenção de novos termos («sacavanear») a «pastiches» de jargões vários. O jornalístico, como em «Penúltima hora», onde a notícia sobre uma bomba num restaurante dá lugar ao vocabulário da crítica culinária, um excurso de propaganda ao menu e ao local, para regressar ao evento trágico; o do literário, como a escrita de Eça de Queiroz, em «Capítulo inédito», apresentado como uma recém-descoberta primeira versão de um excerto de Os Maias, anterior ainda à polémica Tragédia da Rua das Flores. No mínimo, muito divertido.