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Três portugueses e um belga de origem portuguesa, nascidos nos anos 40 do século XX e cujos caminhos se cruzam em Bruxelas, reúnem-se em quatro jantares à espera de um quinto conviva que se faz rogado. Reencontram-se na terra de ninguém entre a memória e o esquecimento, os tempos e os espaços em que o futuro foi uma realidade: o Estado Novo e a guerra colonial que todos recusaram, escolhendo a experiência amarga e enriquecedora do exílio; a oposição à ditadura, vivida por cada um de diferentes modos e com diferentes expectativas; as miragens da revolução e da democracia e, encerrado o ciclo do império, o regresso de Portugal ao rectângulo europeu. Em torno da integração política na Europa e das turbulências do início do terceiro milénio reacendem-se os debates do passado revisitado. O diálogo aguça e lima arestas, contradições, interrogações. Chegou a hora de cada um se dedicar a cultivar o seu jardim? Será a Utopia ainda possível ou mais do que nunca nefasta? Quem vence a partida: o descobridor de novos mundos ou o Velho do Restelo? Quem é afinal o convidado que falha sucessivos encontros e recursos? O Godinho que parte para África é um Gonçalo Ramires, o fidalgote queirosiano que passa pelos trópicos sem tostar a pele, ou um senhor Oliveira da Figueira, o laborioso mercador de panos e contas de vidro dos álbuns de Tintim?