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Logo que Teresa abandona a igreja, o padre Henrique teme sofrer uma apoplexia, tal a intensidade de sentimentos violentos e contraditórios que dele se apoderam. Sente uma raiva incomensurável por ter sido rejeitado por aquela rapariga que para ele simboliza a suprema perfeição que Deus pode outorgar a qualquer criatura humana. Acomete-o um ódio infinito contra a sotaina preta e o cabeção branco que lhe garroteia a garganta. Despoja-se destes dois trastes de vestuário, atira-os violentamente contra o chão e pontapeia-os, vezes sem conta.
Por causa deles - pensa - não pode sequer ser considerado um Homem. A Igreja fez dele um eunuco, a quem só é permitido usufruir de amores funestos… furtados a outrem. Amaldiçoa esta Igreja e esta religião que a tal ignomínia o condenaram. Amaldiçoa o Deus que lhe exige mais do que ao mais vil dos seres humanos! Tem ganas de renunciar a esta religião e a este jugo molesto a que ela o subjuga e partir com a sua amada para os confins da terra, onde ninguém o conheça e onde possa fruir o amor em toda a sua plenitude. Anseia, apenas, ser uma pessoa normal e não o joguete de um Deus opressor e tirânico!