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«Porque a partir do momento em que chamamos, tornamo-nos, somos já semelhantes. Aquem? Aquê? Àquilo de que nada sabemos. E é tornando-nos uma pessoa semelhante que deixamos o deserto, a sociedade. Escrever é ser ninguém. “Estar morto”, dizia Thomas Mann. Quando escrevemos, quando chamamos, somos já semelhantes. Tentemos. Tentemos quando estamos sós no nosso quarto, livres, sem qualquer controlo do exterioir, chamar ou responder por cima do abismo. Misturar-nos à vertigem, à maré imensa dos apelos. Essa primeira palavra, esse primeiro grito, não sabemos gritá-lo. É a mesma coisa que chamar por Deus. É impossível. E faz-se.»