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O que terá levado uma jovem talentosa a passar para «o outro lado do espelho», para um mundo às avessas onde a comida é ganância, a morte é honra e a carne é fraca? Por que terá iniciado um romance com a fome, as drogas, o sexo e a morte? Marya Hornbacher manteve-se anoréctica e bulímica apesar de cinco prolongadas hospitalizações e infindáveis terapias, apesar da perda da família, dos amigos, dos empregos e, por fim, de qualquer noção do que significa ser-se «normal».
Nesta vigorosa e lancinante autobiografia, Marya recria a sua experiência e lança nova luz sobre o emaranhado de causas pessoais, familiares e culturais subjacentes aos chamados «distúrbios alimentares».
NOTA DO AUTOR
Escrevi este livro porque acredito que algumas pessoas se reconhecerão nele - quer sofram, quer não, de distúrbios alimentares. Escrevi-o porque discordo de muito do que geralmente se pensa sobre este problema. Escrevi-o porque muitas pessoas continuam a considerá-lo uma manifestação de vaidade, imaturidade e instabilidade mental. De certo modo, está relacionado com tudo isso. Mas trata-se também de uma dependência. É uma reacção - por muito tortuosa que seja - a uma cultura, a uma família, a uma identidade pessoal. Faria qualquer coisa para impedir as pessoas de passarem pela mesma experiência que eu. A única coisa que me ocorreu foi escrever este livro.
Marya Hornbacher