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Viagens na minha terra é o relato romanceado de uma viagem verídica empreendida pelo autor de Lisboa a Santarém na década de 1830. Numa prosa fluida, espontânea e aparentemente despretensiosa, que constantemente busca cooptar o leitor, fazendo uso de vocativos, Almeida Garrett comenta os lugares por onde passa e, entre uma reflexão e outra, critica o atraso tecnológico do país, a literatura que falseia a realidade, as más condições das estradas e hospedarias; a maneira dos homens públicos de governar; enfim, divaga sobre diversos temas, fazendo uso ligeiro e bem humorado de ironias. Além da digressão, a obra de Garrett introduz outro recurso inédito até então na literatura portuguesa, a "narrativa dentro da narrativa". Em meio ao relato da viagem, o narrador conta a história romanesca de Carlos, jovem liberal e progressista, e Joaninha, típica heroína romântica: íntegra, pura e fiel a seu amor. Numa mistura de literatura de viagem, autobiografia; reportagem, crítica política e romance histórico, "Viagens na minha terra" é obra original e singular da literatura portuguesa. |...| Almeida Garrett, iniciador e marco da primeira fase do movimento romântico em Portugal no século XIX -- que renovou a poesia, o teatro e a ficção sobre bases nacionais. Garrett, além de romancista, escreveu várias peças de teatro, entre as quais Frei Luís de Souza. Em "Viagens na Minha Terra" (1846), que apareceu primeiramente na revista Universal Lisbonense, Almeida Garrett atinge surpreendente profundidade psicológica para a literatura produzida na época. Com um narrador onisciente, que a todo momento convoca o leitor para uma agradável "conversa" sobre os mais variados temas, este romance filia-se ao estilo digressivo de um Laurence Sterne (A Vida e as Opiniões do Cavalheiro Tristram Shandy) ou de Xavier de Maistre (Viagem ao Redor do Meu Quarto), escritor francês do qual Machado de Assis foi um dos maiores herdeiros e tributários. No início do livro, Garrett declara: "De como o autor deste erudito livro se resolveu a viajar na sua terra, depois de ter viajado no seu quarto; e como resolveu imortalizar-se escrevendo estas suas viagens".