Este livro está na lista de favoritos de 1 utilizadores.
"Em O Hóspede de Job - cujo título certeiro nos põe de sobreaviso - um estrangeiro, Gallagher, representante de uma grande potência, instala-se como visita, na terra de Job. Especialista de armamento e de guerras, traz consigo a arrogância e a luta. E, ao abandonar a terra de Job, levará como presente a dor dos camponeses. Não lhes podendo roubar a comida, por não a haver, tenta comer-lhes os próprios corpos. João Portela será um símbolo dessa destruição estrangeira. Entretanto, mercê de vários pequenos filmes, o clima da terra visitada por Gallagher vai-nos sendo revelado. O desajuste entre o poderio de Gallagher e a fraqueza do bando de garotos é menos notório se verificarmos que existe desproporção semelhante entre as mulheres de Cimadas e os representantes da ordem. Opondo a força à razão, a petulância à miséria, a malvadez à ingenuidade, o romancista não só cria uma ambiência como separa e distingue os seus comparsas. Contando diversas histórias, alongando-se em várias considerações e inventando frases de personagens principais, José Cardoso Pires parece querer dizer-nos que os hóspedes deste tipo só podem ter acolhimento em ambivalências deste género." (Liberto Cruz, José Cardoso Pires, Análise Crítica e Selecção de Textos, Arcádia, Lisboa, 1972)
Obra galardoada com o Prémio Camilo Castelo Branco, pela Sociedade Portuguesa de Escritores, em 1964.