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“Diria o Maestro” trata da construção de uma novela, ensaiada por um velho músico (o Maestro).
A narrativa desenvolve-se como um jogo de espelhos: as ilusões do velho músico enquanto senhor do destino dos seus personagens e, em reflexo, as suas desilusões ao descobrir-se por eles ultrapassado.
O romance é, assim, a história de um amor, imaginada pelo Maestro, em contraste com a realidade vivida fora dessa imaginação. Depressa a escrita da novela se torna uma história de enganos, desenganos, de ciúmes e desviadas paixões, de conflito entre o autor e os seus personagens, num jogo de equívocos entre a realidade e a ilusão, de consequências inesperadas.
-Mas, Maestro… - tenta chegar-se-lhe.
-Nem minha nem para ti – repete, e, perante o espanto de Bruno, descarrega a pistola sobre as folhas rasgadas que se espalham sobre a cama. Ao fundo, a voz aflita da governanta,
-Meu Deus, o que foi que aconteceu?
-Louco, louco. Vai para o diabo! – e Bruno sai do quarto em correria, os passos martelando o chão, o som dos passos, os passos afastando-se.
No Maestro, uma sonolência pesada. Os passos parecendo aproximar-se, o Maestro, os passos afastando-se de novo, afastando-se de vez.
-Maestro,
Copélia, meu amor, que te aconteceu? Fala, diz qualquer coisa.
Sobre a cama, um sopro frio.
-Afinal quem morreu? Foste tu? Foi ele? – pausa – Fui eu?
(diria o Maestro)