Thaïs

«[...] o mundo não tardará a afundar-se na ignorância e na barbárie. [...] A arte e a filosofia deixarão de existir na terra. [...] Espera-nos a noite do espírito e a morte do mundo. »
(Anatole France)

O título deste livro, tal como a opção formal pelo diálogo, remetem abertamente para Platão. Mas o que se destaca nesses diálogos, enquanto resíduo filosófico pré-cristão, são os ensinamentos de Epicuro, Epicteto e Marco Aurélio, havendo ainda participantes que consideravam o cristianismo conciliável com certos mitos ligados pela tradição helénica. A doutrina estóica é, sem dúvida, uma presença constante em Thaïs.

Historicamente, a acção de Thaïs decorre na altura em que o cristanianismo foi poupado à perseguição e à clandestinidade pelo decreto de Constantino.
É um livro intenso, admirável, não só pela elegância da escrita de Anatole France, como ainda pela tensão emocional e pelas pulsões várias que regista no seio de uma sociedade decadente, que assiste ao advento de uma religião que marcará indelevelmente o devir histórico.