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A Vida em Lisboa, de Júlio César Machado, é um daqueles poucos «romances contemporâneos» oitocentistas apostados em provar que não éramos um país sem costumes, e afazê-lo, como ao tempo ajuizava a Nação, com os recursos e liberdades de um extenso folhetim. A subordinação da acção e do enredo aos caracteres e aos usos não obedece, portanto, à forma realista do inquérito crítico.
Se o que se põe em primeiro plano é a relacionação da descrição dos tipos com a descrição dos lugares - desejada pelo autor que se preza de «estudo fisiológico» -, o que se pretende destacar é, afinal, o pitoresco urbano a que convém o modelo de comunicação do folhetim.
É este texto estimável que agora se procura resgatar do esquecimento.