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Uma obra fantástica de Saramago que mais uma vez, como o autor tanto nos habitua, nos leva a Lisboa dos finais dos anos 30. Contexto histórico muito bem feito e personagens muito bem construídas e desenvolvidas. O romance é construído através de uma personagem fictícia, um dos heterónimos de Fernando Pessoa, que vem do Brasil depois da morte de Fernando Pessoa. Apesar da sua morte, Ricardo Reis, continua a dialogar com Pessoa, em diálogos deliciosos e cativantes.
Ricardo Reis chega a Lisboa em finais de dezembro de 1935. Fica até setembro de 1936. Uma personagem vinda de uma outra ficção, a da heteronímia de Fernando Pessoa. E um movimento inverso, logo a começar: «Aqui onde o mar se acaba e a terra principia»; o virar ao contrário o verso de Camões: «Onde a terra acaba e o mar começa.» Em Camões, o movimento é da terra para o mar; no livro de Saramago temos Ricardo Reis a regressar a Portugal por mar. É substituído o movimento épico da partida. Mais uma vez, a história na escrita de Saramago. E as relações entre a vida e a morte. Ricardo Reis chega a Lisboa em finais de dezembro e Fernando Pessoa morreu a 30 de novembro. Ricardo Reis visita-o ao cemitério. Um tempo complexo. O fascismo consolida-se em Portugal.