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Estou, admito, muito mais interessado naquilo que outros poetas têm escrito sobre poesia do que naquilo que críticos que não são poetas têm dito acerca dela. Sugeri também que é impossível separar a crítica literária da crítica com outras bases, e que os juízos sociais, religiosos e morais não podem ser totalmente excluídos. Que podem, e que o mérito literário pode ser avaliado em completo isolamento, é a ilusão daqueles que acreditam que o mérito literário por si só pode justificar a publicação de um livro, que podia de outro modo ser condenado por razões morais. Todavia, aquilo que obtemos mais próximo da crítica literária pura é a crítica de artistas que escrevem acerca da própria arte; e volto -me em busca disto para Johnson, e Wordsworth, e Coleridge. (O de Paul Valéry é um caso especial.) Noutros tipos de crítica, o historiador, o filósofo, o moralista, o sociólogo, o gramático pode desempenhar um grande papel; mas na medida em que a crítica literária é puramente literária, creio que a crítica de artistas que escrevem acerca da sua própria arte é de maior intensidade e tem mais autoridade, embora a área de competência do artista possa ser muito mais limitada. Sinto que eu próprio falei com autoridade (se a expressão não sugere arrogância) unicamente acerca daqueles autores - poetas e muito poucos prosadores - que me influenciaram; que sobre poetas que não me influenciaram, ainda mereço séria consideração; e que sobre autores de cuja obra não gosto, os meus pontos de vista podem - para não dizer mais - ser altamente discutíveis.