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Em 1974, uma revolução em Lisboa surpreendeu centenas de milhares de portugueses residentes em Angola. Desse dia em diante, começou a queda incontrolável de uma sociedade inteira que, como um navio a naufragar, estava fadada à destruição e ao colapso. Em poucos meses, trezentos mil portugueses foram forçados a abandonar tudo e fugir, embarcando em uma evacuação aérea e marítima que representou o maior êxodo na história desse povo. Deixaram para trás casas, carros e até animais de estimação. Empresas, fábricas, comércios e fazendas foram deixados ao abandono enquanto Luanda, a capital da joia da coroa do império português, sofria com uma guerra civil que se espalhava pelo território angolano. Três movimentos de libertação, antes derrotados em 25 de Abril de 1974, reativaram-se e lutavam entre si pelo poder deixado vago pelas Forças Armadas portuguesas. Neste cenário de desorientação social e insegurança, Nuno, um aventureiro que há anos voava pelos céus do sertão angolano, Regina e o filho do casal lutavam para sobreviver à violência diária, perseguições políticas, intrigas e traições que tornavam Luanda uma cidade desesperada. Esta é a história de coragem e sacrifício de um casal, como milhares de outros, apanhados num processo de degradação devido à recusa do Exército em defender seus compatriotas, ao desinteresse político, à incapacidade do governo de Lisboa em impor os termos de um acordo assinado em Alvor e constantemente violado em Angola, e à intervenção militar de duas potências mundiais envolvidas numa guerra fria travada através de exércitos regionais.