Sê o primeiro a adicionar este livro aos favoritos!
“A criação poética, como as grandes aventuras do espírito, está envolta em mistério e enigma. É a expressão de uma existência inquieta, em sobressalto, em cuidado. Ou seja, o meio ou ecossistema onde a poesia ganha vida é, desde as suas origens, desassossego, agitação, impetuosidade, inquietação.
O elevado estatuto do poeta, tal como o elevado estatuto do profeta, radica precisamente aqui: ele é o mediatário, o mensageiro de um passado esquecido ou ignorado, de um presente oculto e nunca suspeitado e de um futuro que virá. "Fluxos da Memória", para além de todos os méritos literários e poéticos, é também um tributo ao respeito pela língua e ao (bom) gosto da escrita. Concretamente, esta- mos perante um texto de um elevado nível literário e de um apurado e profundo sen- tido poético. Consequentemente, constata-se um tão raro quanto louvável domínio, correcção e controlo das possibilidades e virtualidades da língua e da escrita.
Hoje, ainda mais do que ontem, é urgente (...) é necessário relevar a boa escrita. É que hoje, fala-se muito, mas diz-se pouco; escreve-se imenso, mas pior; diz-se que há ideias, mas sem ideia nenhuma. Em "Fluxos da Memória", as palavras não são zurzidas nem molestadas, os períodos uma tortura, os parágrafos um massacre e, pasme-se, os sinais de pontuação regressam, estão perdoados! E nem quando a autora abandona, por momentos, o registo poético, recorrendo ao texto em prosa, não insiste na nota de rodapé, não salta, continuada e reverentemente, para o colo da citação e não ameaça, ponto sim, ponto não, com o pai da ‘doutrina’.
Fluxos da Memória revela um traço extremamente invulgar: a autora tem pensamento próprio, tem uma ideia. E esse é um traço que distingue e diferencia as obras pensa- das, vividas, autênticas e maduras, das...outras. Deixa-se aqui, e para concluir, uma última sugestão aos futuros leitores: mãos à obra!»
Professor Doutor José A. Caiado Ribeiro Graça
Nunca lido.
Com marcador original incluído