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Até ao presente, nove séculos passaram desde que Robert de Molesmes fundou no lugarejo de Citeaux uma comunidade religiosa emanada da Ordem de S. Bento, na qual S. Bernardo viria a professar e donde, sob o seu impulso, partiria um grande movimento de reforma do monaquismo ocidental: o dos monges bernardos, ou de Cister. Como é sabido, tal movimento não se limitou ao campo estritamente religioso (no qual, mais ou menos um século depois, outros ventos de renovação viriam a soprar com o aparecimento das ordens mendicantes) – antes teve repercussões incalculáveis na vida social e cultural da Europa, repercussões que perduram na prática, até aos fins do século passado.
Cister inaugurou, não apenas uma maneira própria de viver a vida monástica, não apenas, também, um estilo específico de relações sociais entre os monges e a comunidade dos crentes, mas ainda um modo de convivência entre espiritualidade e quotidiano que se exprimiu em formas artísticas e em marcas culturais includiveis e de primacial importância.
É este o tema que, aproveitando a efeméride do nono centenário da ordem de Cister, as Fundações Pedro Barrié de la Maza e Calouste Gulbenkian (esta através do seu Serviço de Belas-Artes) escolheram para este ano, no âmbito do protocolo que ambas assinaram e que prevê a realização bienal de uma exposição, de um colóquio e de uma colectânea de estudos centrados num assunto relacionado com a História da Arte nesta facha costeira ocidental da Península.
É com grande gosto que vemos continuar e aprofundar-se esta prestimosa colaboração entre as duas fundações, e desejo e auguro que o estudo e o trabalho de investigação, tão cheio de novidades, realizado para a concretização deste novo passo sejam coroados do merecido êxito.