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Nesta segunda parte do Ciclo Barroco (a continuação de «Argento-Vivo»), o romance centra-se no vagabundo Jack Shaftoe e em Eliza (uma jovem da ilha de Qwghlm, onde não existem vogais), que ele resgata de um harém depois da derrota dos turcos em Viena, em 1683.
Os dois formarão uma parelha invulgar, criando-se uma simbiose entre a coragem e o espírito impulsivo dele e a astúcia e o calculismo ponderado dela. E, apesar dos defeitos fisionómicos que impedem Jack de usufruir de uma plena vida sexual (que lhe valem a alcunha «Meia-Gaita»), para além da progressiva loucura que lhe é provocada pela sífilis, apesar da provisória virgindade de Eliza, os conhecimentos tântricos que ela desenvolveu com as suas pares do harém impulsionam um improvável laço de amor.
Enquanto deambulam pela Europa (Viena, Leipzig, Amesterdão, Paris...), travam conhecimento com Gottfried Leibniz, o qual, junto com Enoque Root, estabelece a ligação com a história da ciência moderna, tão bem reconstituída em «Argento-Vivo».
Eliza goza de inquestionáveis dotes para o mundo dos negócios, ao passo que Jack tem o condão de se envolver permanentemente em problemas. O envolvimento de Eliza com altas figuras de corte, nomeadamente entre as casas reais europeias, e as aventuras em que Jack escapa por um fio aos maiores perigos têm como pano de fundo aquilo que pode bem ter sido a vida real naquela época.
Desde os pormenores quotidianos das profissões, da sobrevivência diária, dos espectáculos de entretenimento (enforcamentos incluídos), das doenças e respectivas técnicas de tratamento (algumas bastante assustadoras), até às lutas e conspirações entre reis e religiões, passando pela emergência de uma espécie de bolsa de valores e de uma economia monetária, Neal Stephenson apresenta uma versão extraordinária e muito humorística deste fascinante período histórico.