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O Livro das Bestas, exemplo da tradição dos bestiários medievais, é uma obra pioneira no seu género, tratando-se do primeiro esboço de uma novela filosófico-social representativa da Europa medieval.
Escrita entre 1274 e 1289, aquando da primeira visita de Ramon Llull a Paris, esta obra é uma compilação de dois livros:
- o Livro dos Anjos que, apresentando argumentos para provar e compreender racionalmente a essência divina e angélica, está na linha espiritual de místicos como S. Bernardo, Santo António de Lisboa e S. Francisco de Assis;
- e o Livro das Bestas que, à luz da alegoria, retrata-nos os comportamentos dos animais em relação ao poder que, transposto para a realidade humana, expressa as suas paixões, os seus vícios e a subversão dos valores; a ordem natural das coisas e do mundo apenas será restabelecida quando se retornar à prática da virtude.
Ramon Llull, um dos grandes filósofos e místicos medievais, levou uma vida errante de iniciação nos mistérios da Alquimia. Numa era marcada fortemente pelos ideais da Cavalaria e, em particular, pela Ordem dos Templários, Ramon Lllull jurou perante papas e soberanos ter encontrado a fórmula de harmonizar as três religiões monoteístas: o Cristianismo, o Islamismo e o Judaísmo.