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Esta é uma Edição com Seleção de Textos de António Manuel Couto Viana e Ilustrações de Lima de Freitas, e impresso em papel especial de 140 G.
Um dos maiores génios poéticos de toda a nossa Literatura e um dos poucos escritores portugueses mundialmente conhecidos. A sua poesia acabou por ser decisiva na evolução de toda a produção poética portuguesa do século XX. Se nele é ainda notória a herança simbolista, Pessoa foi mais longe, não só quanto à criação (e invenção) de novas tentativas artísticas e literárias, mas também no que respeita ao esforço de teorização e de crítica literária. É um poeta universal, na medida em que nos foi dando, mesmo com contradições, uma visão simultaneamente múltipla e unitária da Vida. É precisamente nesta tentativa de olhar o mundo duma forma múltipla (com um forte substrato de filosofia racionalista e mesmo de influência oriental) que reside uma explicação plausível para ter criado os célebres heterónimos - Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo Reis, sem contarmos ainda com o semi-heterónimo Bernardo Soares. (In Bertrand.pt)
Álvaro de Campos (Tavira ou Lisboa,[1] 13 ou 15 de Outubro[2] de 1890 — 1935) é um dos heterónimos mais conhecidos, verdadeiro alter ego do escritor português Fernando Pessoa, que fez uma biografia para cada uma das suas personalidades literárias, a que chamou heterónimos. Como alter ego de Pessoa, Álvaro de Campos sucedeu a Alexander Search, um heterónimo que surgiu ainda na África do Sul, onde Pessoa passou a infância e adolescência.
Entre todos os heterónimos, Álvaro de Campos foi o único a manifestar fases poéticas diferentes. Houve três fases distintas na sua obra. Começou a sua trajectória como decadentista (influenciado pelo Simbolismo), mas logo adere ao Futurismo: é a chamada "fase sensacionista", em que produz, com um estilo assemelhado ao de Walt Whitman (a quem dedicou um poema, "Saudação a Walt Whitman"), versilibrista, jactante, e com uma linguagem eufórica onde abundam as onomatopeias, uma série de poemas de exaltação do mundo moderno, do progresso técnico e científico, da industrialização e da evolução da humanidade. Nesta primeira fase, Álvaro de Campos foi influenciado por Marinetti, o fundador do futurismo. Após uma série de desilusões e crises existenciais, a sua escrita assume uma expressão niilista ou intimista, conhecida como "fase abúlicólica", assemelhando-se bastante, sobretudo nas temáticas abordadas, à obra do Pessoa ortónimo. A desilusão do mundo em que vive, a tristeza, o cansaço ("o que há em mim é sobretudo cansaço", assim começa um dos seus mais famosos poemas) leva-o a reflectir, de modo assaz saudosista, sobre a sua infância, passada na «velha casa»: infância arquetípica, de uma felicidade plena, é o contraponto ao seu presente. Uma fase caracterizada pelo cansaço e pelo sono que se denota bastante nos poemas pessimistas.
A fase intimista é aquela em que, perante a incapacidade das realizações, traz de volta o desalento que provoca “Um supremíssimo cansaço, /Íssimo,íssimo,íssimo /Cansaço…”. Nesta fase, Campos sente-se vazio, um marginal, um incompreendido. Sofre fechado em si mesmo, angustiado e cansado. Como temáticas destacam-se: a solidão interior, a incapacidade de amar, a descrença em relação a tudo, a nostalgia da infância, a dor de ser lúcido, a estranheza e a perplexidade, a oposição sonho/realidade – frustração, a dissolução do “eu”, a dor de pensar e o conflito entre a realidade e o poeta. O poema "Tabacaria", escrito em 1928 e publicado em 1933, é a maior obra da última fase de Álvaro de Campos. (In Wikipedia)
Poema “Tabacaria”
“Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
(...)”