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Uma vez por mês, sempre à meia-noite, dois homens encontram-se num consultório. Um deles é psicanalista.
A Cura: uma sátira, um combate furioso, uma questão de vida ou morte.
«Para um psicanalista que passou a vida a guardar os segredos dos outros, é difícil começar a escrever este testemunho. Gostaria de jurar, como num tribunal, que direi a verdade, toda a verdade, nada senão a verdade. Pelo contrário, tenho consciência de que farei desvios e omissões. Na minha profissão, estou habituado a encontrar meias-verdades e meias-mentiras, não porque os pacientes queiram iludir-me, mas porque estão iludidos e eles próprios não o sabem. Nesse momento, convido-os a encontrarem a verdade que ignoram. Mas que eu mesmo escreva agora, omitindo quanto posso, enche-me de uma angústia mortal.
Vale a pena escrever nestas condições? […]»