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O Romance do Genji, escrito entre 1005 e 1014, encena as intrigas políticas e amorosas da corte Heian, um turbilhão de histórias em que se misturam a sensualidade e o refinamento, a sátira e a comédia, os mitos e as aventuras amorosas. Embora o personagem principal seja Genji, um resplandecente príncipe, o enredo é orquestrado por mulheres, compondo uma obra melancólica, uma meditação sobre a precariedade da vida que é ao mesmo tempo um tratado das paixões e a descrição minuciosa de uma época.
A narrativa decorre entre a segunda metade do século X e o início do século XI, quando a Europa atravessava uma época sombria e só a China e o Japão possuíam civilizações dignas desse nome. No ano de 784 a capital do Japão fora mudada para Heian Kyo «a Cidade da Paz e Tranquilidade», actual Quioto. Foi o início de um período decisivo da história do Japão, marcado pela assimilação do legado espiritual da China e, em particular, do budismo. A civilização nipónica conheceu então, nas suas camadas aristocráticas, um período de sofisticação e cultura que viria a ser comparada com o Grand Siècle de Luís XIV mas que se prolongaria por quatrocentos anos. Foi nessa época que além de O Romance do Genji surgiram os Contos de Ise que entusiasmaram Borges, a poesia de Ono no Komachi e as narrativas de Sei Shônagon.