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Ainda o Diogo não tinha nascido e já a mãe sabia, o seu menino vinha com defeito, trazia o coração "avariado". Era a sua única certeza, mas não se queria fiar nela. Armada de esperança, preferia acreditar que o menino iria crescer forte, que aquele coração que sentia dentro dela continuaria a bater cá fora, contra todas as evidências. O menino nasceu lindo, o mais lindo de todos. Mas cedo o levaram para uma cirurgia, e outra ainda, peito aberto a bisturis incertos, a medicina impotente para contrariar a sina, uma hemorragia que alastrou, que escureceu para sempre um cérebro pequenino. À mãe foi devolvido um menino diferente, que desde então cresce rodeado de cuidados e angústias. A vida continua, a mãe continua desde então "à beira-mágoa". Permitiu-se agora este livro, um gesto de partilha, uma poética dedicatória ao seu filho, o seu Anjo Emprestado. E nós, que a lemos deste lado, do outro lado da dor, não podemos senão admirar uma mãe tão grande, um amor assim.