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No espaço de dez anos, mudando em parte o género ou ligeiramente o estilo, é clara desde cedo a voz escrita de Dea Loher, que se mantém com uma firmeza e acuidade que não perde com o passar do tempo. Sem dúvida umas das vozes mais importantes da dramaturgia alemã e europeia contemporâneas, tal como o prova aliás a distinção com o conceituado prémio Bertolt Brecht.
TATUAGEM (1992)
Na disfuncional família Wucht, é o pai que manda. Senhor e protector, estende o seu poder com normalidade pelo corpo das duas filhas, acabando por engravidar a mais velha, Anita. Nessa altura, Anita conhece o jovem Paul Würde, florista, com quem tenta fugir deste ambiente sufocante, acabando por com ele ir morar e quebrando os laços com o passado. Mas um dia a irmã mais nova, Lulu, bate-lhe à porta, em busca de protecção, e a figura do pai reaparece.
Esta peça baseia-se numa história verídica de uma jovem rapariga que matou o pai depois de este ter saído da prisão cumprindo pena por a ter violado quando ela era criança.
Inocência (2003)
Numa cidade portuária, Fadoul e Elisio, dois emigrantes clandestinos negros assistem ao afogamento (suicídio) de uma mulher no mar. Demoram a reagir, hesitam, temem pela sua situação de clandestinos e a partir deste momento terão de lutar contra sentimentos de remorso pela sua passividade. Além destas figuras, outras passam por um espaço de desilusões, suicídios e coros tristes, numa cidade portuária cinzenta e vazia. Cruzando-se, as personagens tentam agir sobre a vida dos outros, mas sem sucesso. Procuram conforto ou companhia, desconfiam, e sobre todas elas prevalece o desespero.